As naus da Carreira das Índias Fonte: http://philangra.blogspot.com.br/2013/02/as-naus-da-carreira-das-indias.html |
Logo, o processo de colonização impulsionou a depredação das matas, pois as madeiras eram retiradas de forma exorbitantes para serem utilizadas na exportação e fabricação naval. E por ser de boa qualidade, existiram incentivos para trazer ao Brasil mão de obra capacitada a fim de ajudar no corte e no transporte do produto. Analisando por esse ponto, é inevitável perceber a importância da matéria prima nesse contexto histórico, além de ser intrigante compreender que o início do processo de devastação das matas deu-se nessa época, perpetuando-se até os dias atuais através da continuação predatória humana. Sendo que, na época, esta situação era tão acentuada que existiu a necessidade de criação do cargo de juiz conservador das matas e uma legislação para especificar o tipo de madeira que deveria ser utilizada nos estaleiros.
Portanto, a Bahia revela um papel muito importante, como centro de escoamento da madeira de outras áreas e o motivo que ocasionou a substituição, em alguns pontos do sistema de extração, da mesma, pelo de feitorias. Ao que se refere á Mão de obra, demonstra o pouco interesse em trabalhar profissionalmente no Brasil, já que as possibilidades lucrativas não eram boas, faltando com isso estimulo ao aliciamento. Tendo evidencias que o recrutamento ocorria principalmente nas penínsulas, por falta de pessoas experientes na colônia. E em meio á escassez de trabalhadores algumas medidas deveriam ser tomadas passando-se, assim, a formar trabalhadores que eram ensinados pelos oficiais, dando preferência aos negros por serem hábeis profissionais, aprendendo o serviço de calafetagem, carpintaria, serraria, etc. Existindo, também, hipóteses perfeitamente plausíveis de aborígenes terem participado da faina do estaleiro, além de moleques serem utilizados em tarefas simples da ribeira, destacando-se também o problema da remuneração que variava entre salários mensais até gratificações por tarefas executadas.
Santana (2011, pag.116-118 apud Lapa, 2000), apresentam Salvador como ancoradouro e apontam as dificuldades de manobra na Barra, havendo como uma das medidas para remediar esse problema a iluminação dos fortes. Esses aportamentos aconteciam em grande parte pelos ventos de monções, ou seja, ventos periódicos, cabendo ressaltar aqui, também, o problema das frotas, onde alguns navios tendo o interesse de chegarem mais cedo e garantirem melhores preços; se afastavam do grupo desrespeitando as regras de navegações. Por isso, apresentavam-se as dificuldades no levantamento das medidas proibitivas ou concessionárias desses aportamentos.
Sendo assim, é destacada a constante chegada em Salvador de navios necessitados de reforçar a sua marotagem. Optando principalmente pela farinha que é um alimento de difícil deterioração, preferindo a carne de porco, que era bastante consumida a bordo, e levando entre outras coisas, galinhas vivas em quantidades razoáveis.
Dessa maneira, enfoca-se a importância do porto de Salvador, servindo inclusive como disponibilizador de munição e armamentos para as naus da carreira, pois segundo dados, existiam reservas na terra muito maiores que a necessidade real para sua proteção. E em meio a esses fatores se torna presente também as relações humanas, inclusive Salvador contribuiu com a empresa de navegação disponibilizando o efetivo humano e oferecendo a estadia para as embarcações da corrida do oriente, ocorrendo, também, á boa vontade da população em abrigar em suas casas marinheiros enfermos.
Embasado em fontes oficiais, Santana (2011, pag.116-118 apud Lapa, 2000), a partir dessa metodologia nos faz perceber a existência de um comércio ilegal praticado entre a população de Salvador e a tripulação dos navios, sendo o contrabando intensificado a partir do século XVII, tendo várias leis a partir desse século para coibi-lo. Apesar da obvia fiscalização (até mesmo antes dos navios ancorarem no porto e principalmente depois de concretizarem essa ação), é inegável que, no turno da noite, os contrabandos fossem transferidos através de canoas e barcos de pesca da terra para os navios.
Não esquecendo, de maneira alguma, as práticas comerciais entre o Brasil e o Oriente e atentando ao problema da baldeação do porto de Salvador, Lapa ( 1968 ), enfatiza outra oportunidade comercial que a carreira ofereceu ao porto de Salvador com a tentativa de negociantes e outros interessados em participar dela. Se destacado as respeitáveis cifras atingidas pelo Brasil na balança comercial da colônia com as mercadorias orientais. Tendo em vista esses argumentos A Bahia e a Carreira da Índia vem demonstrar que o Brasil não permaneceu isolado nem ligado inteiramente a metrópole.
REFERÊNCIAS:
LAPA, José Roberto do Amaral. A Bahia e a Carreira da Índia. Ed. Facsimiliada. Soa Paulo: Hucitec; Unicamp, 2000.
SANTANA, Maria Carolina Soares. Resenha Do Livro: A Bahia e a Carreira da Índia. Pag.116-118. http://revistas.unijorge.edu.br/praxis/2011/pdf/116_ResenhaDoLivro.pdf.