sexta-feira, 2 de outubro de 2015

ENTREVISTA COM O SRº ALUÍSIO PEREIRA (VIZINHO)

Maria Helena: Gostaria que o senhor falasse um pouco sobre a rua e o bairro em que vive.

Senhor Aluísio: Bom, quando vim morar no bairro da Massaranduba, havia uma grande mangueira fincada perto da maré numa área já aterrada, nela juntavam-se pescadores para a saída e a vinda de seus barcos para o alto mar e para Baia de todos os Santos. Debaixo das sombras das mangueiras, eles batiam papos, esperando a maré alta para alcançar ao largo os seus barcos, rumo à pescaria. Também ali, já de volta com o fruto do seu trabalho, eles se recolhiam para o livre comercio de peixes, também para o seu sustento.

Era uma festa! Era peixe de todos os tipos e tamanhos. Eu e Lili do peixe, pescador experiente, organizávamos algumas pescarias. A pinga era experimenta por todos em comemoração a vitória alcançada na pescaria. Ali tudo se conversava: coisas da terra e coisas do mar. Eram grandes histórias, aventuras, piadas gozadoras aos que foram e aos que ficaram.
O mar batia com suas ondas às vezes fortes, levando à sombra frondosa mangueira e empurrando até ela, o barco já estacionado. E os pescadores se alegravam, esperando a nova hora de partida.

O trabalho e a vida tinham gosto de peixe e de manga. Ali, tudo partilhava. A meninada esperava a hora do retorno da pescaria e corria para receber os pescadores, interessados também, nos peixes e frutos que eram trazidos do mar, ainda vivos, conseguidos pelo esforço de seus pais. Todo mundo dividia e todos recebiam, comerciavam e depois iam dormir.

A mangueira que deu nome ao lugar que hoje moro “RUA NOVA DA MANGUEIRA”, não mais existe. Mas, lembro-me muito bem, que era um mangue. Era um manguezal espalhado perto da maré. Era, também, maré na sua ponta de lama grossa, ali viviam caranguejos e outros crustáceos, onde os moradores da maré faziam suas catadas, para sobreviverem.

A rua foi criada com barracos que vinham sendo construídos dentro da maré, com palafitas, ao lado da fábrica da Pepsi cola. Depois foram aumentando a quantidade de barracos, ligados por pontes de madeiras, se espalharam para frente na direção do mar fundo.

Depois, a rua nova da mangueira passou a ser chama de “Rua Capitão Vicêncio Constantino de Figueiredo” em homenagem a um marinheiro que colaborou com a construção do bairro. O bairro foi aterrado pelo lixo e entulho trazidos da cidade, vindos pela maré em barcos, e em caçambas. As pontes foram sendo substituídas e os barracos iam sendo aterrados pelo esforço do próprio povo.
Vieram os planos do governo, mas o dinheiro foi desaparecendo. E o bairro foi ficando a critério dos próprios moradores. Só no plano em que a AMESA (Alagados Melhoramentos Sociedades Anônimas) foi administradora, fez a recuperação do nosso bairro.

Era um bairro pouco distante do centro. Possuía ruas estritas, sem alinhamentos, dirigia-se para o mar. Era um bairro de famílias pobres e de baixa renda. Por isso o povo era desnutrido. A falta de calçamento impossibilitava, principalmente, durante o inverno, o trafego de carros e às vezes, até mesmo dos pedestres. Por outro lado, era mais ou menos, bem servido por coletivos.

O grande problema educacional do bairro era resultado das famílias. Os pais em geral, eram analfabetos. Havia duas escolas no bairro. Grande parte das crianças e jovens estudava em colégios, nos bairros vizinhos.

O bairro não oferecia condições de lazer e nem rede de esgoto. Havia iluminação elétrica e extensão de água, ainda muito precárias, com muitos “gatos”. A maioria dos moradores, não tinha conhecimento das leis do trabalho e dos seus direitos. Os que eram alertados tinham medo de ser mal interpretado e alegavam: “pobre não tem vez”, “o pobre é quem sempre apanha”, “tudo depende da sorte”.

As famílias se declaravam católicas. A prática, no entanto, era muito individualista. A participação do povo era mais na Igreja da Massaranduba e nas grandes festas do Senhor do Bonfim e Nossa Senhora da Conceição. Pequenos grupos participavam da Comunidade Nossa senhora de Fátima, no culto católico dominical e de Casas de Cultos Protestantes, espíritas e de Candomblés.

O Massaranduba hoje é um bairro dos antigos alagados, chamado bairro de periferia de Salvador. Foi construído pela luta do povo; comprando entulho, aterrando como pode, com um esforço marcante dos moradores que deu tudo deles para construí-lo.

O povo que mora no bairro não para de construir, de melhorar, devagar e permanente a sua construção e ela fica cada dia mais diferente. Naturalmente, não deixa de continuar com vários problemas, alguns, os mesmos continuam; devido o descaso do pode público, ou até mesmo, pela falta de organização e pressão dos seus moradores.


Salvador, 12 de setembro de 2015.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

RUA DA MANGUEIRA


Fonte: http://mundo.guru/arvore-brasileria-a-mangueira/mangueira/
“Uma mangueira solidária Um mangue refúgio Uma rua em formação Um bairro em construção Mangueira, hoje”.

Neste verso está um pouco da história do bairro Mangueira. [...] A Mangueira solidária era a árvore encravada próxima à maré, na Península de Itapagipe, em uma área já aterrada, na qual se juntavam pescadores, mulheres e crianças para comemorar, no início da década de 1960, a vitória alcançada por cada pescaria. Segundo Aluisio Simão Pereira, “ali tudo se conversava, coisas da terra e coisas do mar, eram grandes histórias, aventuras e piadas, gozando com os que foram e com os que ficaram...”

No manguezal espalhado perto da maré, habitat natural de caranguejo e outros crustáceos, refugiaram-se aqueles que sem ter aonde viver construíram sob palafitas suas novas moradias. Na década seguinte, o mangue-refúgio foi aterrado e em cima dele ergueu-se uma MANGUEIRA rua: a Rua da Mangueira, hoje, Rua Rafael Uchôa. Juntaram-se a ela a Rua Vicêncio Constantino Figueiredo (Rua Nova da Mangueira), a Travessa Rubem Amorim, entre tantas outras que surgiram. A Rua da Mangueira tornou-se o marco zero do bairro em construção que, como todos os outros da região, foi fruto de ocupações espontâneas, convergindo para o mar, com ruas estreitas e com sé- rios problemas de infraestrutura urbana. 
“Mangueira, hoje, já não é mais como antigamente. O seu povo não para de construir, de melhorar, devagar e permanentemente, a sua moradia – que fica cada vez mais diferente”, Neste bairro encontram-se atualmente a Associação Livre de Moradores da Mangueira e a Escola Comunitária Educar para Libertar. A árvore que inspirou o nome do bairro já não existe mais, porém, a mangueira continua sendo o símbolo do bairro.
O bairro da Mangueira possui uma população de 9.986 habitantes, o que corresponde a 0,41% da população de Salvador, concentra 0,40% dos domicílios da cidade, estando 26,76% dos chefes de família situados na faixa de renda mensal de 0,5 a 1 salário mínimo. No que se refere à escolaridade, constata-se que 36,49 % dos chefes de família têm de 4 a 7 anos de estudos.

REFERÊNCIA:

http://www.gestaosocial.org.br/publicacoes/LIVRO%20CAMINHO%20DAS%20AGUAS_.pdf. acesso em: 27/04/15.

BAIRRO DE MASSARANDUBA (SALVADOR)

Fonte: http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/vivendo-polo.php?cod_area=3&cod_polo=69


Tendo o seu nome retirado das árvores que cresciam entre o massapé, cujos frutos eram disputados pelas crianças, o bairro da Massaranduba está localizado na Peníssula Itapagipana entre os bairros da Ribeira, Bonfim, Jardim Cruzeiro e o mar da Baía de Todos os Santos. Suas primeiras habitações foram erguidas sobre o mangue e se constituíam de palafitas. No século XX, por volta da década de 40, o bairro foi aterrado com entulhos trazidos da praia da Ribeira, tendo a sua urbanização iniciada na década seguinte. Suas ruas planas, como todas as outras da peníssula, respiram ares de cidade interiorana. As praças da Redenção e Massaranduba e a igrejinha de São Jorge são pontos de lazer  devoção para os seus moradores.

Em 1949, foi ano de duas festividades marcantes: o Quarto Centenário de Fundação da Cidade e o Primeiro de Nascimento do Jurisconsulto Ruy Barbosa. Neste tempo, os contrastes da cidade ficavam cada vez mais aparentes e eram traduzidos nas diferentes formas e locais de moradia. Situado às margens do Caminho de Areia, local conhecido como Jardim Cruzeiro, às moradias começavam a avançar mar à dentro. Os invasores: para se protegerem das constantes ações de despejo, deram ao local o nome de Villa Ruy Barbosa. A estratégia deu resultado e constrangeu as ações do poder público contra uma Villa que levava o nome do Jurisconsulto, no ano do seu centenário. Começava, assim, a formação dos Alagados.

Alagados traz em si a poética triste da pobreza de Salvador. Viver na maré, construir o lar em cima das águas, em cima da lama, apresenta, não só os contrastes da cidade, mas, principalmente, a criatividade e o desespero de ter o sonho da própria casa.


REFERÊNCIA:

http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/vivendo-polo.php?cod_area=3&cod_polo=69.acesso em 25/04/15.



PENÍNSULA ITAPAGIPANA

Fonte: http://ufbapeninsulaitapagipana.blogspot.com.br/ 

A península – que, no passado, serviu-se à defesa militar da cidade – também se divide entre “ricos” e pobres: o lado norte, mais empobrecido, abrange bairros populares e populosos como Roma, Uruguai, bairro Machado, parte da Ribeira, Massaranduba, Jardim Cruzeiro e Vila Rui Barbosa, além de ser uma das portas de entrada das quase extintas palafitas dos Alagados (que, de tão famosas, viraram mote de hit dos Paralamas do Sucesso), enquanto a “zona sul”, mais valorizada, engloba Boa Viagem, Monte Serrat, Bonfim e parte da Ribeira. É ao sul, aliás, que estão instalados equipamentos turísticos importantes e bastante visitados, como as igrejas do Bonfim – um dos mais emblemáticos cartões-postais de Salvador – e da Boa Viagem, a igreja e o forte de Monte Serrat, a Ponta de Humaitá (palco de um exuberante pôr-do-sol sobre o mar), a praia da Boa Viagem e a Avenida Beira-Mar (atualmente em estado de total abandono).

Escolas – como o estadual Colégio da Polícia Militar e o privado São José, dois dos melhores e mais tradicionais da capital baiana –, hospitais (a exemplo do Couto Maia, São Jorge, Santo Antônio, Agenor Paiva, da Polícia Militar e Sagrada Família), o Asilo Dom Pedro II, a Vila Militar, a tradicional Sorveteria da Ribeira e os restaurantes rústicos (destacando-se os da Pedra Furada, na Boa Viagem, do estaleiro do Bonfim e da Avenida Beira-Mar, na Ribeira) são apenas alguns dos equipamentos que notabilizam a área como uma das mais importantes na vida urbana de Salvador.

Do alto alto da Colina Sagrada, nos arredores da Igreja do Bonfim, dá pra se ter uma noção do enorme fosso social que separa os soteropolitanos ricos dos pobres: na linha do horizonte e a mais de 8 quilômetros de distância, uma pequena extensão composta por imponentes edifícios do Corredor da Vitória (cujo metro quadrado não fica por menos de 7 mil reais) logo é suplantada por uma monótona e extensa paisagem favelizada, ambas intercaladas por um pedaço do Centro Histórico de Salvador.

E foi justamente na península de Itapagipe, o adro sagrado da capital baiana, que se instalou um dos ícones da religiosidade e assistencialismo brasileiros: a freira Irmã Dulce, atualmente em vias da beatificação. Foi ali, no Largo de Roma, aos pés da Colina Sagrada, que a religiosa soergueu o Hospital Santo Antônio, tradicionalmente voltado ao atendimento da população mais carente.

A velha Península Itapagipana é dotada de uma infra-estrutura contraditória: praças amplas (a exemplo dos Largos do Papagaio e da Madragoa, na Ribeira) e largas avenidas não impedem a carência de espaços de lazer e entretenimento na maior parte da região. O antigo Cine Roma, palco da cena do rock baiano e epicentro das apresentações de Raul Seixas e Jerry Adriani, já não funciona mais numa área que carece de espaços fechados para espetáculos.

A partir do tradicional Largo de Roma (onde estão situados os hospitais Santo Antônio e São Jorge) nascem as três artérias principais, que são capilarizadas por inúmeras ruas, vielas e becos: as Avenidas Caminho de Areia ou Tiradentes (que vai até a Ribeira), Dendezeiros (que segue até o Bonfim) e Luiz Tarquínio (que ruma em direção à Boa Viagem) são de fundamental importância ao trânsito local. Ao longo da Avenida Caminho de Areia – a principal artéria comercial e de serviços –, restaurantes, farmácias e postos de gasolina dividem espaço com uma gama de estabelecimentos comerciais e muitas (mas muitas mesmo) sinaleiras que tentam organizar cruzamentos extremamente perigosos. O trânsito, quase sempre caótico, é apimentado pela imprudência de transeuntes e buracos na pista.

Os bairros da Ribeira, Calçada (mais especificamente, a praia do Cantagalo) e Boa Viagem são osplaygrounds da Cidade Baixa nos finais de semana. Clubes popularescos, como o Itapagipe e o Bogary, agregam-se a atrativos como praias - quase todas poluídas -, farofas com frango assado, sol escaldante e preços relativamente acessíveis (em comparação à orla atlântica da capital). Some-se tudo isso e o resultado será inevitável: praias, botecos e restaurantes lotados, muita sujeira pós-farra e insatisfação dos moradores.

A praia da Ribeira, em praticamente toda a extensão da Avenida Beira-Mar, transforma-se em palco de grandes sensações nos finais de semana e feriados: o Subúrbio Ferroviário e bairros circunvizinhos (como Liberdade, São Caetano, Fazenda Grande e Largo do Tanque) “descem em peso” em busca de lazer, num verdadeiro movimento migratório. É só andar um pouco pela localidade para se perceber o inchaço sazonal, que é complementado até por moradores de bairros distantes.

Desde o final da Avenida Porto dos Mastros até as imediações do terminal de ônibus da Ribeira, a poluída enseada dos Tainheiros abre visão à paisagem do outro lado terrestre, que contrasta as habitações irregulares do bairro do Lobato com fragmentos de um formoso visual do bairro de Plataforma (ambos no subúrbio ferroviário). Ribeira e Plataforma, inclusive, são interligados por um sistema municipal de embarcações que faz, em 5 minutos, uma travessia que, de carro, dura mais de 20.

Mas a Ribeira é muito mais do que praia e gastronomia. É também história e música. A musicalidade, traço marcante da Bahia, encontra por ali um fértil terreno, seja através das festas de “partido alto”, seja nos ensaios e shows de pagode baiano. Locais como a marina da Penha, fim de linha e Avenida Beira-Mar transformam-se no palco da “quebrança”.

REFERÊNCIA:

http://deniseqf.blogspot.com.br/2013/07/itapagipe-peninsula-da-peninsula.html

HISTÓRIA DA BAHIA

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=0OFzyFnHPPI


Para compreender melhor sobre a História da Bahia, acesse o livro de Alfredo Matta, disponível em: http://www.matta.pro.br/editora_virtual/Hist%C3%B3ria%20da%20Bahia_%20final_%2018_06_13.pdf



terça-feira, 19 de maio de 2015

CIDADE DO SALVADOR

Fonte: : https://www.youtube.com/watch?v=f81DNOEpfgI

A história da cidade de Salvador inicia-se 48 anos antes de sua fundação oficial com a descoberta da Baía de Todos os Santos, em 1501. A Baía reunia qualidades portuárias e de localização, o que a tornou referência para os navegadores, passando a ser um dos pontos mais conhecidos e visitados do Novo Mundo. Isso fomentou a idéia de construção da cidade. O rei D. João III, então, nomeou o militar e político Thomé de Sousa para ser o Governador-geral do Brasil e fundar, às margens da Baía, a primeira metrópole portuguesa na América.

Em 29 de março de 1549, a armada portuguesa aportava na Vila Velha (hoje Porto da Barra), comandada pelo português Diogo Alvares, o Caramuru. Era fundada oficialmente a cidade de Cidade do São Salvador da Baía de Todos os Santos, que desempenhou um papel estratégico na defesa e expansão do domínio lusitano entre os séculos XVI e XVIII, sendo a capital do Brasil de 1549 a 1763.

O trecho que vai da atual Praça Castro Alves até a Praça Municipal, o plano mais alto do sítio, foi escolhido para a construção da cidade fortaleza. Thomé de Souza chegou com uma tripulação de cerca de mil homens – entre voluntários, marinheiros soldados e sacerdotes, que ajudaram na fundação e povoação de Salvador.

Em 1550, os primeiros escravos africanos vieram da Nigéria, Angola, Senegal, Congo, Benin, Etiópia e Moçambique. Com o trabalho deles, a cidade prosperou, principalmente devido a atividade portuária, cultura da cana de açúcar e comercialização o algodão o fumo e gado do Recôncavo.
A riqueza da Capital atraiu a atenção de estrangeiros, que promoveram expedições para conquistá-la. Durante 11 meses, de maio de 1624 ao mês de abril de 1625, Salvador ficou sob ocupação holandesa. Em 1638, mais uma tentativa de invasão da Holanda, desta vez com o Conde Maurício de Nassau que não obteve êxito.

A cidade foi escolhida como refúgio pela família real portuguesa ao fugir das investidas de Napoleão na Europa, em 1808. Nessa ocasião, o príncipe regente D. João abriu os portos às nações amigas e fundou a escola médico-cirúrgica, primeira faculdade de medicina do País.

Em 1823, mesmo um ano depois da proclamação da Independência do Brasil, a Bahia continuou ocupada pelas tropas portuguesas do Brigadeiro Madeira de Mello. No dia 2 de julho do mesmo ano, Salvador foi palco de um dos mais importantes acontecimentos históricos para o estado e que consolidou a total independência do Brasil. A data passou a ser referência cívica dos baianos, comemorada anualmente com intensa participação popular.

Dos planos iniciais de D. João III, expressos na ordem de aqui ser construída "A fortaleza e povoação grande e forte", o compromisso foi cumprido por Thomé de Souza e continuado pelos que os sucedem. São filhos de Catarina e Caramuru, que se misturaram com os negros da mãe África e legaram à Salvador a força de suas raças criando um povo “gigante pela própria natureza”.


REFERÊNCIA:

http://ecoviagem.uol.com.br/brasil/bahia/salvador

sábado, 16 de maio de 2015

CARREIRA DAS ÍNDIAS

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As naus da Carreira das Índias
 Fonte: http://philangra.blogspot.com.br/2013/02/as-naus-da-carreira-das-indias.html

Maria Carolina Soares Santana (2011, pag.116-118 apud Lapa, 2000), na sua Resenha Do Livro: A Bahia e a Carreira da Índia, trás a importância que teve o porto de Salvador no processo de roteiro marítimo na Idade Moderna. Destaca a importância deste, como ponto de parada dos navios que se dirigiam ao Oriente a partir do século XVI. Acrescentando que possivelmente partes dessas paradas seriam feitas de formas ilegais. Vindo a mostrar detalhadamente, entre outros aspectos, a serventia daquele porto, graças a seu bom ancoradouro e seu fácil acesso, para abastecimento e refresco dos navios.


Logo, o processo de colonização impulsionou a depredação das matas, pois as madeiras eram retiradas de forma exorbitantes para serem utilizadas na exportação e fabricação naval. E por ser de boa qualidade, existiram incentivos para trazer ao Brasil mão de obra capacitada a fim de ajudar no corte e no transporte do produto. Analisando por esse ponto, é inevitável perceber a importância da matéria prima nesse contexto histórico, além de ser intrigante compreender que o início do processo de devastação das matas deu-se nessa época, perpetuando-se até os dias atuais através da continuação predatória humana. Sendo que, na época, esta situação era tão acentuada que existiu a necessidade de criação do cargo de juiz conservador das matas e uma legislação para especificar o tipo de madeira que deveria ser utilizada nos estaleiros.

Portanto, a Bahia revela um papel muito importante, como centro de escoamento da madeira de outras áreas e o motivo que ocasionou a substituição, em alguns pontos do sistema de extração, da mesma, pelo de feitorias. Ao que se refere á Mão de obra, demonstra o pouco interesse em trabalhar profissionalmente no Brasil, já que as possibilidades lucrativas não eram boas, faltando com isso estimulo ao aliciamento. Tendo evidencias que o recrutamento ocorria principalmente nas penínsulas, por falta de pessoas experientes na colônia. E em meio á escassez de trabalhadores algumas medidas deveriam ser tomadas passando-se, assim, a formar trabalhadores que eram ensinados pelos oficiais, dando preferência aos negros por serem hábeis profissionais, aprendendo o serviço de calafetagem, carpintaria, serraria, etc. Existindo, também, hipóteses perfeitamente plausíveis de aborígenes terem participado da faina do estaleiro, além de moleques serem utilizados em tarefas simples da ribeira, destacando-se também o problema da remuneração que variava entre salários mensais até gratificações por tarefas executadas.

Santana (2011, pag.116-118 apud Lapa, 2000), apresentam Salvador como ancoradouro e apontam as dificuldades de manobra na Barra, havendo como uma das medidas para remediar esse problema a iluminação dos fortes. Esses aportamentos aconteciam em grande parte pelos ventos de monções, ou seja, ventos periódicos, cabendo ressaltar aqui, também, o problema das frotas, onde alguns navios tendo o interesse de chegarem mais cedo e garantirem melhores preços; se afastavam do grupo desrespeitando as regras de navegações. Por isso, apresentavam-se as dificuldades no levantamento das medidas proibitivas ou concessionárias desses aportamentos.

Sendo assim, é destacada a constante chegada em Salvador de navios necessitados de reforçar a sua marotagem. Optando principalmente pela farinha que é um alimento de difícil deterioração, preferindo a carne de porco, que era bastante consumida a bordo, e levando entre outras coisas, galinhas vivas em quantidades razoáveis.

Dessa maneira, enfoca-se a importância do porto de Salvador, servindo inclusive como disponibilizador de munição e armamentos para as naus da carreira, pois segundo dados, existiam reservas na terra muito maiores que a necessidade real para sua proteção. E em meio a esses fatores se torna presente também as relações humanas, inclusive Salvador contribuiu com a empresa de navegação disponibilizando o efetivo humano e oferecendo a estadia para as embarcações da corrida do oriente, ocorrendo, também, á boa vontade da população em abrigar em suas casas marinheiros enfermos.

Embasado em fontes oficiais, Santana (2011, pag.116-118 apud Lapa, 2000), a partir dessa metodologia nos faz perceber a existência de um comércio ilegal praticado entre a população de Salvador e a tripulação dos navios, sendo o contrabando intensificado a partir do século XVII, tendo várias leis a partir desse século para coibi-lo. Apesar da obvia fiscalização (até mesmo antes dos navios ancorarem no porto e principalmente depois de concretizarem essa ação), é inegável que, no turno da noite, os contrabandos fossem transferidos através de canoas e barcos de pesca da terra para os navios.

Não esquecendo, de maneira alguma, as práticas comerciais entre o Brasil e o Oriente e atentando ao problema da baldeação do porto de Salvador, Lapa ( 1968 ), enfatiza outra oportunidade comercial que a carreira ofereceu ao porto de Salvador com a tentativa de negociantes e outros interessados em participar dela. Se destacado as respeitáveis cifras atingidas pelo Brasil na balança comercial da colônia com as mercadorias orientais. Tendo em vista esses argumentos A Bahia e a Carreira da Índia vem demonstrar que o Brasil não permaneceu isolado nem ligado inteiramente a metrópole.

REFERÊNCIAS:

LAPA, José Roberto do Amaral. A Bahia e a Carreira da Índia. Ed. Facsimiliada. Soa Paulo: Hucitec; Unicamp, 2000.

SANTANA, Maria Carolina Soares. Resenha Do Livro: A Bahia e a Carreira da Índia. Pag.116-118. http://revistas.unijorge.edu.br/praxis/2011/pdf/116_ResenhaDoLivro.pdf.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

O POVOAMENTO DO TERRITÓRIO BAIANO

Povoamento - Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_Bahia

Ao longo destes últimos quinhentos anos, o território hoje do estado da Bahia foi lentamente povoado pela contribuição de três grandes grupos étnicos: o índio, o africano e o europeu, sendo o índio o mais antigo, pois se encontrava no território baiano desde tempos ainda não definidos, mas estimados em nada menos de quinze a vinte e cinco mil anos. Os africanos e os europeus foram trazidos ou vieram a partir do século XVI (1501-1600).

Nas circunstâncias da posse das terras do Brasil pelos europeus – no convívio do trabalho de produção da grande lavoura da cana-de-açúcar, do algodão, do fumo, nos currais de gado e nas minas de ouro e diamantes - muitas foram às situações que possibilitaram acasalamentos. Deles surgiram os tipos mestiços de índios com portugueses e africanos que estão na variedade colorida do povo baiano, homens e mulheres que realizaram o espalhado povoamento das várias regiões do território da Bahia.

O índio quase foi destruído fisicamente nas guerras que os europeus lhes fizeram e por causa das doenças que lhes transmitiram. Permaneceu, porém, em diversos aspectos da cultura baiana, nas tribos que sobreviveram ao massacre dos seus antepassados e nos descendentes que tiveram com os portugueses e africanos. (TAVARES, 1998, p.16).

O índio do litoral baiano recebeu o europeu sem hostilidade. Até o ajudou, indicando-lhe fontes de água potável, raízes e frutas comestíveis. Colaborou na construção de tapumes de barro e casas de taipa da primitiva cidade de Salvador. Foi o grande canoeiro e remeiro para todos os engenhos do recôncavo. Era capaz de remar do Iguape ao porto da cidade de Salvador transportando caixas de açúcar, esforço físico que levou milhares deles à morte. Pode-se acrescentar que diversos fundadores das famílias do recôncavo tiveram mulheres índias e descendentes mestiços. Com o passar dos tempos, e na medida dos conflitos e guerra contra os índios, à parceria inicial foi substituída pela hostilidade do europeu contra o índio e do índio contra o europeu. (TAVARES, 1998, p.25).


REFERÊNCIA:


TAVARES, Luís Henrique Dias. História da Bahia. São Paulo. Editora: UNESP, Salvador/BA: EDUFBA, 2001.